Traição tem solução?

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            A traição é um assunto de extrema importância para se tratar na relação do casal, e se não for bem trabalhada, mesmo que ambas as partes desejem reconstruir uma relação pós-traição, haverá grandes dificuldades de superação. Quantas pessoas não carregam grandes “traumas” de traição, às vezes por uma vida toda, e sentem dificuldade de se relacionar e confiar outra vez?

            Sentir-se traído aciona vários botões internos nas pessoas: “não sou boa o suficiente”, “o que eu fiz de errado?”, “o outro não me ama mais”, ” o outro não sente mais atração por mim”, “eu não conhecia a pessoa que estava ao meu lado esse tempo todo”, “o outro é mal”. Confiamos no parceiro e ele nos decepcionou; nos vemos obrigados a dividir o companheiro com uma terceira pessoa sem que possamos fazer nada em relação a isso; nos sentimos impotentes diante da decisão do outro.  

             Esse processo é extremamente dolorido por diversos motivos:

  • Confiança: com a mesma confiança da criança em seu pai quando se joga de algum lugar alto na certeza de que ele não vai deixa-la cair, nós nos jogamos em um relacionamento, porém esquecemos que relacionamento é brincadeira de adulto, brincadeira entre dois adultos. Somos responsáveis por nossas atitudes e por nossas escolhas assim como o outro é pelas dele. 

    A maneira que as pessoas lidam com a traição tem a ver com a maneira com que elas sentem as relações. Para muitas pessoas, uma das bases do relacionamento é a confiança e a traição representa então a quebra dessa confiança. Quando quebramos a confiança de alguém estamos desconstruindo algo maior do que isso, estamos modificando os sonhos e as expectativas, estamos quebrando aquilo que a pessoa esperava de uma relação.

  • Acordos: Quando nos relacionamos em uma dinâmica monogâmica existem alguns acordos entre o casal, sejam eles explícitos ou implícitos. Antes de qualquer coisa para que um relacionamento tenha sucesso é preciso que os acordos e contratos estejam às claras, não é possível que o outro siga as regras se elas são implícitas. Dessa maneira, cada parte envolvida terá a sua expectativa, que pode ou não ser divergente da do parceiro. Só é possível ao casal sair do “achismo” se eles conversarem abertamente sobre isso. 

    Esse assunto acaba sendo um tabu entre os casais, não se fala o que se espera do outro, espera-se que o outro sinta a mesma necessidade que a nossa. Muitas vezes esses acordos implícitos são explicitados em brincadeiras, mas não se fala abertamente ao outro os significados de estar em um relacionamento sério para si, tampouco o que se espera dele. Vivemos a relação acreditando que o outro sabe o que se passa na nossa cabeça ou no mínimo deveria saber!

    Sem diálogo não há relacionamento, sem comunicação não há verdade às claras. Sem conversa não é possível ao casal entrar em acordos e, portanto, a relação torna-se frágil, qualquer vento balança, visto que não há pilares estabelecidos!

         Existem três pilares fundamentais para um bom relacionamento entre o casal: a comunicação, a capacidade de fazer plano juntos e a sexualidade. Quando algum desses pontos entra em desacordo há um desequilíbrio na harmonia do casal, por esse motivo é extremamente importante que o casal trabalhe esses pontos de sustentação da relação.

          É preciso compreender que a traição tem sua função no relacionamento, ninguém trai sozinho. Geralmente existem motivações de ambos os lados para que ela ocorra, uma traição não ocorre apenas quando a relação já esgotou todas as suas possibilidades. Ela pode ocorrer por vingança, por necessidade de autoafirmação, por carência. Algumas pessoas traem por medo de estarem vivendo uma relação feliz e completa e se autossabotam. E a traição ainda pode funcionar como um complemento para a relação, através da qual o traidor se nutre daquilo que sente falta na relação, visto que ama @ parceir@ e sente que não consegue modificar na relação atual aquilo que o incomoda.

         No entanto mesmo que ambas as partes tenham participação no motivo por trás da traição, trair é sempre uma escolha individual e é responsabilidade daquele que trai, existem muitos outros caminhos para transformar aquilo que precisamos na relação sem que a traição ocorra, portanto não é possível eximir a responsabilidade do traidor. É uma escolha e assim como todas as escolhas trás consigo suas consequências.

    Ao decidirmos entrar em um relacionamento monogâmico, estamos nos comprometendo com o outro e isso significa que será preciso partilhar com o ele nossa liberdade. É preciso considerar que somos indivíduos antes de sermos casais, que cada parte dessa relação tem sua individualidade que deve ser respeitada. Precisamos estar completos de nós para partilharmos com o outro nossa existência. Algumas vezes nas relações sentimos nossa individualidade sendo invadida. Temos o direito de decidir e escolher sem precisar partilhar com quem está ao nosso lado, porém quando somos parte em um casal, precisamos ter a sutileza de pensar e preservar o outro nas nossas escolhas e decisões que dizem respeito unicamente a nós mesmos.

        Muitos casais sentem uma dificuldade enorme em relação à comunicação, visto que o modelo de relacionamento socialmente aceito na maioria das vezes não considera a individualidade dos parceiros e passa a visualizá-los como um. Esse imaginário coletivo pode bloquear a comunicação, e as partes no relacionamento podem se sentir egoístas ao decidirem algo individualmente. Sabendo disso, podemos ficar atentos as nossas necessidades individuais e partilhá-las com o parceiro de maneira tranquila, sem imposições, mas estando abertos às novas possibilidades de relacionamento a fim de evitar medidas extremas como a traição.

       Por outro lado podemos considerar que a traição não necessariamente é o fim do relacionamento, é possível que seja uma experiência de crescimento e amadurecimento da relação, tudo vai depender da maneira com que as partes envolvidas vão lidar com a situação. Muitas vezes é preciso buscar auxilio de um profissional para essas situações e a terapia de casal se torna então um espaço para que eles possam falar a respeito do ocorrido, das angústias que a situação pode ter gerado, dos possíveis traumas e dificuldades de relacionamento pós-traição, porém o foco da terapia se dá em ajudá-los a compreender e corrigir as dificuldades do casal para que através do fortalecimento da relação, do autoconhecimento e do conhecimento do outro, novas falhas sejam barradas pelo próprio casal.

Jaqueline G. Polezei 

Terapeuta de Família e Casais

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